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Novo blocão da Câmara nega “celeuma” com governo, mas espreme esquerda e tem risco “União”

Blocão formado por nove partidos foi anunciado na quarta-feira (12) e será o maior da Câmara dos Deputados

Líderes do novo blocão da Câmara dos Deputados negam que vão criar uma “celeuma” com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No entanto, na correlação de forças dentro da Casa, o superbloco deve espremer os partidos de esquerda, principalmente o PT. Ainda, o grupo conta com o fator de risco do União Brasil à base aliada de Lula. A sigla tem vivido uma crise interna com a possibilidade de saída da ministra do Turismo, Daniela Carneiro.

O blocão foi anunciado na quarta-feira (12) e será o maior da Câmara. O grupo é formado por nove partidos que, juntos, somam 173 deputados federais: União Brasil, PP, federação PSDB-Cidadania, PDT, PSB, Avante, Solidariedade e Patriota.

Dessas siglas, PDT, PSB, Avante e Solidariedade fazem parte da base aliada de Lula na Câmara. Por outro lado, PSDB e PP – partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL) – não são aliados do presidente.

O União Brasil, partido formado a partir da fusão do Democratas com o PSL (pelo qual Jair Bolsonaro foi eleito em 2018), figura como a maior incógnita de votação até o momento. Apesar de ter três ministérios, a legenda se diz independente e abriga vários parlamentares com histórico de anos de antipetismo.

Quando um bloco é formado, a ideia é que os partidos que o compõem caminhem e votem no mesmo sentido. Embora as siglas do novo bloco não tenham uma convergência ideológica, seus líderes dizem que o que os une é a “convergência democrática”.

Afirmam que trabalham pelas propostas econômicas da gestão petista, como a reforma tributária e o novo marco fiscal. Líderes partidários do bloco mais experientes e afinados com o governo devem se revezar no comando do grupo.

Também dizem que o foco do bloco não está em fazer oposição ao governo Lula, mas em conseguir mais espaços de presidências e relatorias de comissões mistas e especiais na Casa. Portanto, a formação do grupo estaria mais relacionada à correlação de forças internas do que à sustentação ou não a Lula.

Um dos principais objetivos do blocão é fazer com que seus partidos não percam espaço para o outro bloco da Câmara, formado por MDB, PSD, Republicanos, Podemos e PSC, que somam 142 deputados.

Ao mesmo tempo em que os blocões podem facilitar a aproximação de alguns partidos ao governo, como o Republicanos, a federação de PT, PCdoB e PV, com bancada de 81 deputados, acaba ficando espremida entre as duas potências gestadas.

PT pode encontrar mais dificuldades em unir forças para atuar em defesa dos interesses do Planalto e fica mais pressionado por contar com siglas da base integrando ambos os grupos.

Já o centro na Câmara fica fortalecido com a aliança ao assegurar determinadas prerrogativas que poderiam ir para outras siglas, se os blocos não tivessem sido formados, e consegue mais poder de barganha ao se posicionarem juntos. Contudo, não se pode dizer que a esquerda deve ficar isolada.

Cuidados com o União Brasil

União Brasil enfrenta crises internas, especialmente com a cúpula estadual do Rio de Janeiro. A ministra do Turismo, Daniela Carneiro, é uma das que querem se desfiliar do partido. Se ela sair da sigla, o União deve reivindicar a vaga na pasta do governo.

O líder do União na Câmara, Elmar Nascimento (BA), disse que o partido segue independente perante a gestão petista. Segundo ele, o comando de pastas foi ofertado pelo governo.

“Ele [Lula] faz e desfaz no dia que quiser, quando quiser e se quiser”, disse Elmar sobre ministérios.

No entanto, o presidente nacional do União, deputado federal Luciano Bivar (PE), já indicou que não aceitará que a sigla perca a indicação. Ele foi um dos principais fiadores da ida de Daniela ao comando da pasta.

À CNN, uma liderança do União no Congresso disse que um nome possível para eventualmente substituir Daniela Carneiro no Ministério do Turismo é o próprio Bivar.

A crise faz com que governistas tenham alguns cuidados a mais na hora de tratar com o União. Ressaltam, porém, que qualquer decisão cabe somente a Lula.

Nesta última semana, os governistas tiveram que abrir mão da relatoria da Medida Provisória do Minha Casa Minha Vida, que estava com o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), para acalmar os ânimos do União Brasil.

Boulos tinha um acordo com o governo para que assumisse a relatoria da matéria. O União reivindicava a função pelo quesito da proporcionalidade. Governistas tentaram negociar uma saída que não tirasse Boulos do posto, mas, após críticas públicas de Elmar e nova reunião de líderes com Arthur Lira, o psolista renunciou e cedeu o cargo ao nome de escolha da bancada do União, Fernando Marangoni (SP).

FONTE;CNN

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Lula diz que EUA e Europa prolongam guerra na Ucrânia

No fim da viagem aos Emirados Árabes Unidos, presidente volta a acusar Ucrânia de ter contribuído para o início do conflito e defende criação de "G20 pela paz".

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusou neste domingo (16/04) em Abu Dhabi os Estados Unidos e a Europa de prolongarem a guerra na Ucrânia e defendeu a criação de uma espécie de "G20 pela paz".

"A paz está muito difícil. O presidente da RússiaVladimir Putin, não toma iniciativa de paz, o [presidente da UcrâniaVolodymyr Zelensky, não toma iniciativa de paz. A Europa e os Estados Unidos terminam dando a contribuição para a continuidade desta guerra", afirmou Lula, durante uma coletiva de imprensa no fim de sua viagem aos Emirados Árabes Unidos.

O presidente também voltou a acusar a Ucrâniaque foi atacada e invadida pela Rússia, de ter participação no início do conflito. "A construção da guerra foi mais fácil do que será a saída da guerra, porque a decisão da guerra foi tomada por dois países", disse.

A guerra na Ucrânia começou em 24 de fevereiro de 2022, quando a Rússia invadiu o país vizinho. Desde o início do conflito, Kiev passou a receber armamentos e munições de vários países europeus e dos EUA, o que possibilitou segurar o avanço russo e transformar uma guerra que Putin planejava terminar em poucas semanas em um conflito que dura já mais de um ano.

O governo brasileiro chegou a receber pedidos dos europeus para que vendesse munições aos ucranianos. O tema chegou a ser tratado durante a visita do chanceler federal alemão, Olaf Scholz, ao Brasil. Lula, no entanto, recusou os pedidos e afirmou que o Brasil não iria se envolver na guerra.

As declarações de Lula sobre a contribuição dos EUA e da Europa para a manutenção do conflito ocorrem um dia após o presidente ter defendido o fim do envio de armamentos para Ucrânia e afirmado que os Estados Unidos precisavam "parar de incentivar a guerra".

 

'G20 pela paz'

 

Em Abu DhabiLula também reiterou a proposta da criação de um bloco de países neutros para promover negociações de paz nos moldes de um "G20 pela paz" e afirmou ter conversado com a China e os Emirados Árabes Unidos sobre essa proposta.

 

"Estamos tentando construir um grupo de países que não têm nenhum envolvimento com a guerra, que não querem a guerra, que desejam construir paz no mundo, para conversarmos tanto com a Rússia quanto com a Ucrânia, mas também temos que ter em conta que é preciso conversar com os Estados Unidos e com a União Europeia", afirmou, acrescentando que acredita no sucesso de uma iniciativa deste tipo.

 

Na coletiva, Lula também comemorou o sucesso da viagem aos Emirados Árabes Unidos e à China. "Volto ao Brasil com a certeza de que estamos voltando à civilização, porque o governo está fazendo sua obrigação, se abrindo para o mundo e ao mesmo tempo convencendo o mundo de se abrir para o Brasil", destacou.

O presidente celebrou ainda os acordos firmados com os Emirados Árabes Unidos durante a visita oficial e os assinados com a China, que foi a primeira parada do presidente na atual viagem.

 

Assinatura de acordos

 

Lula chegou a Abu Dhabi no sábado, onde se reuniu com o xeique Mohammed bin Zayed al-Nahyan. As relações bilaterais e a questão climática foram os principais temas do encontro.

Os governantes centraram a conversa em temas "sobre trabalho ambiental, mudança climática, energias renováveis, segurança alimentar e outros aspectos da cooperação", entre outras questões de natureza econômica, comercial e de desenvolvimento, bem como do campo da tecnologia, segundo informou a agência de notícias oficial dos Emirados Árabes Unidos WAM.

Nesse sentido, ambas as partes afirmaram que estão "em linha com os esforços para alcançar o desenvolvimento sustentável em ambos os países".

Dubai sediará a COP28 entre 30 de novembro e 12 de dezembro deste ano, que já está cercada de polêmica desde que se soube que o diretor-executivo da Companhia Nacional de Petróleo de Abu Dhabi (ADNOC), Sultan Al Jaber, presidirá a conferência internacional. No início de janeiro deste ano, Belém foi a cidade escolhida como candidata oficial do país para sediar a COP30.

No final da reunião, os líderes trocaram uma série de memorandos de entendimento, bem como uma declaração conjunta no campo da ação climática para promover ambições de ação multilateral sobre a mudança climática. As cooperações acordadas abrangem o comércio, os esportes e a inteligência artificial.

 

"A parceria entre nossos países está amparada em ricas conexões nas mais diversas áreas, traduzida nos números expressivos do nosso comércio, na cooperação em esportes e em inteligência artificial", disse Lula no encerramento do evento.

 

Depois de assinar os documentos, o presidente dos Emirados ofereceu à delegação brasileira um banquete por ocasião do iftar, que marca a quebra do jejum do mês do Ramadã, com o qual se encerra aquela que é a primeira visita de Lula ao emirado em seu terceiro mandato, embora já tenha visitado este país do Golfo uma vez em 2003.

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